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O grande reencontro


Em uma grande homenagem ao Dia das Mães, o Clicfilhos conta a você a história de Assílio, que foi separado de sua mãe quando pequeno e, após 30 anos, conseguiu reencontrá-la por meio da Internet.

No dia 17 de abril de 2009, o Clicfilhos recebeu um e-mail que chamou atenção pelo seu conteúdo inusitado. Eis a mensagem:


"Olá a todos os amigos da imprensa em geral. Meu nome é Assílio, tenho 34 anos e sou natural de Goiás. Minha história é bem curiosa. Fui criado sem conhecer minha mãe e sempre achei que havia sido abandonado por ela. Fui criado por minha avó e minha tia, parentes de meu pai.


Na semana da Páscoa, recebi um scrap [mensagem] pelo Orkut de um rapaz de trinta anos que dizia ser meu irmão. Tomei um susto, mas resolvi conferir a história e para a minha surpresa era realmente meu irmão e dava noticias de minha mãe. Através do Orkut começamos a nos falar sempre pelo MSN. Posteriormente falei com minha mãe pelo telefone. Senti uma emoção sem limites, chorei muito e fiquei muitíssimo emocionado.


Ela me explicou que nunca havia me abandonado. Na verdade, meu pai quando eu tinha quatro anos de idade me levou sem o consentimento dela. Desde então ela me procura sem descanso e sempre atrás de pistas falsas - muitas delas dadas por familiares nossos, que nos conhecem. Bom, na semana que vem estou indo ao interior de Goiás para poder reencontrá-la e finalmente poder conhecer a minha mãe depois de trinta anos.


História triste, mas com um final feliz e muito surpreendente. Gostaria de compartilhar esta história com vocês e me colocar a disposição para publicá-la e mostrá-la ao resto do mundo, pois devem existir mais pessoas nesta situação e sem nenhuma idéia de como agir. Gostaria que minha história se tornasse um exemplo. Grato pela atenção, Assílio. Namaste."



Interessada em descobrir o desfecho disso tudo, a equipe do Clicfilhos entrou em contato com Assílio para saber como foi o reencontro dele com sua mãe e também para obter mais detalhes dessa história. Leia, a seguir, o depoimento completo que Assílio escreveu:


"Meu nome é Assílio, tenho 34 anos sou brasileiro, natural de Minaçú, interior de Goiás. Fui criado desde pequeno por uma irmã e pela mãe de meu pai sem conhecer minha mãe. Em minha casa, nunca falavam dela e nem me diziam nada a respeito da mulher que me gerou. Desde pequeno, eu tinha um sentimento muito grande de abandono e um ar de tristeza. Nunca tive uma informação sequer se fui amamentado ou mesmo batizado. Nunca tive uma informação, uma fotografia ou mesmo uma pista, somente um nome na certidão de nascimento: Onorina Elias da Silva.


Nem mesmo os parentes de minha mãe eu nunca soube quem eram ou se existiam. E com a idéia de ter sido abandonado por ela, acabei criando a idéia de nunca procurar e nem querer saber do paradeiro dela. Fiz terapia e durante muito tempo lutei para esquecer o assunto, mas sempre existiu a dúvida torturante da incerteza do abandono.


Por que uma mulher abandona um filho e não procura nunca mais? Foi a pergunta da minha terapeuta durante algumas seções da terapia. Somente duas vezes tive o interesse de procurar por ela: uma aos doze anos, quando um tio disse que me levaria para conhecê-la. Perguntei ao meu pai se poderia ir com meu tio, mas ele ficou muito bravo comigo e meu tio. Nunca mais tocaram no assunto e no ano passado perguntei à minha tia que me criou sobre minha mãe. Argumentei que ela era a única pessoa que poderia me dar uma pista, mas ela disse que não poderia falar sobre e que não perguntasse ao meu pai.


No dia 6 de abril recebi um scrap pelo Orkut de um homem que dizia ser meu irmão chamado Adriano. Tomei um susto, mas resolvi adicioná-lo e checar a história que ele tinha para contar. E para a minha surpresa ele realmente era meu irmão e tinha notícias da minha mãe, aliás da minha outra família que nunca conheci. Outro susto também levei quando descobri que ele era filho do meu pai, pois quando meu pai me levou havia deixado minha mãe grávida. Ele me passou contato telefônico, endereço e todas as informações que sempre quis saber.


Por ele fiquei sabendo que nossa mãe não havia me abandonado e que na verdade ela foi privada de me criar. Meu pai havia me levado aos quatro anos de idade sem o consentimento dela, me escondendo durante estes trinta anos. E que ela nunca tinha desistido de me procurar, aliás a família inteira dela me procurava com pistas falsas. Liguei para ela para poder ouvir a voz de minha mãe pela primeira vez e me senti como um pingüim procurando reconhecer os sons de minha mãe. Quando liguei perguntei "quem fala" e ela respondeu: "É a Dora". Esse é o apelido dela, que eu sempre soube, pois só se referiam à minha mãe por este apelido em minha casa.


Ela me pediu perdão e disse que me amava muito e que nunca tinha me abandonado. Disse que eu tinha uma família grande com avó, três irmãos, dois sobrinhos e duas tias que sempre esperaram por me rever e conhecer. Então, no dia 20 de abril saí de São Paulo com destino a Minaçú, que está a 600 km de Brasília, com muita vontade de abraçar minha mãe pela primeira vez.


Na chegada, meu irmão Adriano estava na rodoviária a minha espera e me levou até onde mora. Ela estava na porta da casa de uma vizinha que conhece nossa história. Nos abraçamos meio desengonçados sem chorar, somente com sorrisos e passamos um dia inteiro querendo saber tudo um sobre o outro.


Muito emocionante a hora que ela trouxe um álbum de fotografias minhas feito quando ainda estava com ela, pois sempre tive poucas fotos de criança. Fiquei uma semana conhecendo minha família mãe, avó, irmãos, sobrinhos, tias e toda a cidade que estava me esperando. O filho desaparecido da Dora que retornava para a mãe trinta anos depois. Uma semana emocionante em que visitei até o hospital onde nasci e a cidade onde minha família morou, inclusive meu pai e alguns parentes nossos.


Descobri também que meu registro de nascimento foi feito de forma irregular e com erro. O nome de minha mãe não é Onorina e sim Anoria. Também tive o privilégio de passar o dia 24 de abril, o primeiro aniversário da minha mãe junto a ela, nem preciso falar da emoção da família inteira reunida. Toda a família junto em comemoração ao reencontro de mãe e filho em uma data tão especial: o primeiro aniversário dela junto comigo depois de trinta anos.


Nem preciso dizer da minha felicidade e da certeza de que agora tenho um lar para retornar e revisitar sempre. Com minha mãe, que nem precisa fazer as minhas vontades e manias, somente ser a mãe carinhosa e amorosa que foi separada de mim há trinta anos. Na volta para São Paulo descobri mais um detalhe importante sobre minha mãe: ela só chora se eu chorar. E depois de trinta anos reencontrei uma mulher forte que não tem medo da vida e que nunca desistiu de seu maior sonho abraçar seu primeiro filho. A todos um feliz Dia das Mães!"


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