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Bullying


Leia aqui a transcrição da entrevista da psicopedagoga Kátia Chedid ao Clicfilhos sobre bullying nas escolas

Assista ao vídeo
com a entrevista e acompanhe a sua transcrição aqui.

O que é bullying?

Bullying é uma violência moral que acontece sistematicamente em todas as escolas do mundo há muito tempo e tem sido estudada nos últimos anos. Neste cenário do bullying, que não é aquela brincadeira de mau gosto que acontece nas escolas, mas uma coisa mais sistemática, temos três personagens principais: o primeiro é o agressor, que normalmente tem a auto-estima rebaixada, e acha que só tem lugar no grupo se ele agredir, se ele perseguir aquela criança, se ele tiver uma atitude mais agressiva ou mesmo violenta com alguém; existe a vítima, que se acha merecedora daquela agressão, então ela nem reage, ela até acha que o outro tem razão em persegui-la, ela aceita a gozação, a agressão, verbal ou física; e existem os expectadores, aqueles que têm medo de virar vítima e se tornam até um pouco coniventes com o agressor e, às vezes, eles até não aceitam, mas ficam quietos porque senão podem se tornar a próxima vítima.

Onde acontece o bullying?

Bom, esse problema acontece tanto em escolas públicas como privadas, não existe uma prevalência de idade, acontece tanto com jovens quanto crianças, inclusive é estudado o bullying profissional – o bullying dos adultos. Nas escolas, isso acontece com mais freqüência quando não há vigilância de um adulto, ou seja, nos corredores, na hora do intervalo, em horas mais livres, hora do parque, onde as crianças estão sem essa vigilância constante, porque em sala de aula é um pouco mais difícil de acontecer, mas acontece durante muitos anos. A criança que é vítima do bullying não é em uma brincadeira só, num determinado ano, ela é vítima do bullying durante muitos anos, e vai aumentando a intensidade da agressão.

Como identificar um caso de bullying?

Para os pais identificarem o problema é muito difícil, porque muitas vezes o agressor tem uma atitude mais distante dos pais, a família não é muito estruturada, e o pai é um pouco violento com o filho normalmente – o pai ou mãe – e isso gera também agressividade na criança, então é difícil a percepção até porque esses pais também precisam de ajuda. Na vítima, você percebe porque essa criança pode dar alguns sinais de que não quer mais ir para a escola, que tem dor de barriga, ou pode aparecer com alguns objetos quebrados, ou furtados, pode aparecer com marcas mesmo de briga, ou se tornar um pouco mais tristonha, então na alteração de comportamento os pais podem perceber que a vítima tem sido agredida com freqüência. Os expectadores, às vezes, sinalizam, na verdade quem dá mais notícias de que o bullying está acontecendo são os expectadores, porque sem querer um comenta com o outro, ou com o pai “ah, na minha escola, um amigo meu....”. E aí as mães dos expectadores ou os próprios expectadores é que buscam auxílio, são eles que podem fazer com que a coisa se reverta.

Que providência os pais devem tomar?

Pedir ajuda não só para a escola, mas para um profissional, normalmente um psicólogo pode ajudar, para fortalecer a auto-estima tanto da vítima quanto do agressor. É comum a vítima se tornar um agressor no futuro, porque ela acha que só o agressor é que tem poder, que manda, que tem uma reação forte. O agressor também tem uma auto-estima rebaixada porque ele acredita que todos os problemas devem ser resolvidos de uma forma mais violenta. Então é importante procurar ajuda mesmo, tanto de um profissional, de um psicólogo, quanto da escola, é um trabalho sempre feito em parceria.

Qual é o papel da escola?

O trabalho da escola começa ainda na educação infantil, quando ela começa a trabalhar as diferenças com as crianças. Ser diferente não é ruim, ser diferente é bom. Ninguém precisa ser igual a ninguém e a diferença é que traz um grupo mais rico. Então, aceitar as diferenças é o primeiro passo que a escola deve trabalhar. Aos poucos, a escola vai trabalhando regras com a criança, a criança vai se socializando e vai trabalhando as regras. As regras têm que ficar bem claras e têm que ser colocadas em conjunto: o que é aceitável e o que não é aceitável. Agredir, por exemplo, bater, chutar, mexer nas coisas dos outros, é aceitável ou não é aceitável? As crianças têm que ter bem claras as regras, que não podem depender da situação ou da criança. Quando acontece um caso, a escola tem que saber não só como encaminhar essas famílias e orientá-las, como também agir com o grupo, porque esse grupo que é expectador também tem que se sentir amparado, ele não pode se sentir vítima. Então, a escola tem que estar bem estruturada para trabalhar desde a educação infantil, prevenindo este problema para que ele não aconteça.


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