Terça, 19 de março de 2024
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A idade certa para ir à escola

Por Lucy Casolari *


Meu filho tem 3 anos completos, fico em dúvida se está na hora de mandá-lo para a escola ou se, ainda, é muito cedo... Mamãe sempre acha que os filhos são pequenos demais...

Nos dias de hoje, essa questão preocupa as famílias mais que no passado. Claro, nas últimas décadas ocorreram muitas alterações: a participação efetiva e maciça da mulher no mercado de trabalho, a correria desenfreada do dia-a-dia, o aumento da oferta de escolas e creches, a ansiedade dos pais em relação ao futuro de seus filhos num mundo competitivo, a freqüência de filhos únicos... De fato, motivos não faltam!


Esse é o lado racional da questão. Mas, ao mesmo tempo, no plano do emocional, bate aquela insegurança quanto à idade certa, pois as "crianças parecem tão novinhas e indefesas! Será que a escola vai conseguir entender e atender às suas necessidades?" Parece que o ponto crucial é alcançar o equilíbrio entre o emocional e o racional, pois, somente assim, a mãe estará tranqüila ao deixar seu pimpolho num ambiente estranho a ambos.


Uma resposta, única e definitiva, para tantos questionamentos e que envolve crianças e famílias com perfis tão diferentes, provavelmente, não existe. A decisão sobre quando enviar seu filho para a escola é pessoal e intransferível, mas depende da análise de alguns aspectos fundamentais.

Em busca do ideal

Cada família tem necessidades específicas, para algumas a escola é a opção quando a criança tem até menos de dois anos - em alguns casos em período integral - pois atende às questões práticas de sua dinâmica: a ocupação dos pais, a ausência de uma babá de confiança, a falta de disponibilidade das avós. Para outras, que podem contar com uma infra-estrutura diferenciada, a preferência pode ser esperar até que o filho complete três anos, garantindo, assim, um tempo a mais para a rotina doméstica, o que lhe permite brincar em seu próprio espaço, tirar uma soneca em algum momento da manhã ou da tarde, não se prender a horários determinados.


Entretanto, aos quatro anos o ingresso na escola de educação infantil é absolutamente indicado, pois, então, a maioria das crianças já superou as fraldas, as mamadeiras diurnas e já tem a autonomia suficiente para se expressar pedindo ou, se necessário, reclamando para ser atendida em suas necessidades.


Hoje se sabe da importância dos primeiros anos para o desenvolvimento infantil. Uma boa escola pode, realmente, oferecer as condições que permitam o desabrochar harmônico nos diversos níveis: físico, emocional e cognitivo. A função socializadora da escola de educação infantil é fundamental para as crianças, em especial para as que têm pouca convivência com outras, é lá que aprendem a ceder, emprestar, negociar, esperar, cooperar, habilidades que dificilmente podem ser desenvolvidas no espaço doméstico.

O fundamental

Partir das necessidades pode ser um bom começo. Crianças pequenas, de dois, três ou quatro anos precisam ser cuidadas, assistidas por adultos, todo o tempo. Têm muita energia, pouca noção do perigo, necessitam de uma rotina organizada, resumindo, ainda são dependentes para a maioria das atividades.


Além disso, importa e muito, que a função de cuidar, indissociável da de educar, seja exercida de forma afetiva. Assim, é mais que desejável que esses profissionais tenham disponibilidade para acolher os alunos em todos seus momentos, inclusive nos mais agitados. Esse acolhimento não significa que devam permitir tudo, mas que sejam capazes de, sobretudo, identificar e ajudar as crianças a superar seus conflitos e frustrações.


As brincadeiras, nessa faixa etária, representam aprendizagem: isso significa proporcionar tempo e espaço para que as crianças possam brincar: de faz-de-conta, com água, terra e argila, no pátio em jogos com ou sem regras. As atividades de contar e ouvir histórias, cantar músicas infantis devem ser privilegiadas, assim como as que permitam a expressão e a ampliação das fantasias infantis por meio de diferentes linguagens. A rotina deve ser rica e flexível, capaz de atender às diferenças individuais.
O tripé formado por educar, cuidar e brincar é a base da Educação Infantil , definido pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) no seu documento oficial "Referencial Curricular Nacional" para a faixa etária de zero a seis anos.

O que buscar na escola de educação infantil

Acima de tudo deve ser evitada, no projeto educativo e na prática da escola de educação infantil, toda e qualquer tentativa da escolarização precoce. Lembrando as palavras do psicanalista D. W. Winnicott, em seu livro A criança e seu mundo (Editora LTC), "a função da escola maternal não é substituir a uma mãe ausente, mas suplementar e ampliar o papel que, nos primeiros anos da criança, só a mãe desempenha. Uma escola maternal, ou jardim de infância, será possivelmente considerado, de modo mais correto, uma ampliação da família `para cima´, em vez de uma extensão `para baixo´ da escola primária".

O caminho apontado por Winnicott sugere que, ao entrar na escola, a criança não deixa de lado a vida afetiva que vivia no lar, nesse sentido é que está direcionada a "ampliação para cima da família". Ao contrário, a "extensão para baixo" da escola fundamental, tornaria a escola de educação infantil num treinamento para o acesso à primeira série. Desse modo, deve ampliar a função da família ao promover o relacionamento da criança com outras, de diversas idades, com valores culturais e familiares diferentes dos seus e com os educadores.


* Lucy Casolari é pedagoga e educadora


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