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Desemprego, Mantenha a calma

Por Julienne Gananian *


O medo é geral: perder o emprego traz ansiedade e insegurança para a família. Descubra como enfrentar a situação sem tanto sofrimento.

No Brasil, o medo de perder emprego atinge quase toda a população, até mesmo as pessoas bem preparadas. A taxa de desemprego foi de 7,14% em 2000*, ou seja, milhões de pessoas procurando trabalho. "No nosso país todos se esforçam, dão o seu máximo porque, além do alto desemprego, a ajuda que o governo dá é nula: tudo depende de você", lembra a psicóloga Suzanna Amarante Levy.


Além disso, o mercado globalizado reduziu muito o número de postos de trabalho, graças às inúmeras fusões entre empresas ocorridas nos últimos anos. Por outro lado, os profissionais com múltiplas experiências passaram a ser mais valorizados. "Como tudo ficou mais flexível, hoje é um pouco menos doloroso perder o emprego. Até porque essa virou uma situação normal. Antigamente trabalhava-se durante décadas em uma mesma empresa e criava-se vínculos semelhantes aos de uma família" explica a psicóloga.


De qualquer forma, quando você sai de um lugar, ou é demitido, há um forte sentimento de perda, uma espécie de morte. As pessoas sentem-se rejeitadas, "soltas no mundo" e o medo de não conseguir enfrentar essa batalha surge, inevitavelmente. A ansiedade e a preocupação resultantes acabam atingindo toda a família e chegam a desestruturá-la, dependendo da forma como a situação for enfrentada.

Como as crianças reagem?

As crianças pequenas não se aborrecem tanto com o desemprego, na verdade podem até gostar da situação, pois o pai ou a mãe estará mais tempo em casa e, conseqüentemente, ao seu lado. Mas, em compensação, elas se preocupam muito com as emoções sentidas pelos pais quando percebem que estão muito ansiosos, desesperados, emotivos. Em alguns casos, ficam assustadas, com medo de não terem o essencial para sobreviver.


Quando são maiorzinhos, já se preocupam mais, pois têm maior noção da realidade e das dificuldades pelas quais passarão. "Isso gera insegurança e torna-se uma batalha: eles ficam bravos e reclamam muito", ressalta a psicóloga.

O que os pais podem fazer? Conversar. Não adianta se sentirem culpados, nervosos ou acharem que, de uma hora para outra, viraram péssimos pais.


A situação pode até se transformar numa oportunidade de aprendizado e amadurecimento para os filhos, que terão que lidar com a redução de gastos. O ideal seria que a família discutisse suas prioridades, os "excessos" que deverão ser cortados, a ajuda que cada um dará e o apoio mútuo, fundamental neste momento. Eles têm que saber enfrentar a situação de desemprego dos pais e contribuir. Como? Da maneira como conseguirem, seja arranjando algum trabalho ou somente aprendendo a cuidar do dinheiro, dando mais valor ao que possuem.

Rede de equilíbrio

Hoje, em muitas famílias, marido e mulher trabalham, somam salários e compõem o orçamento. Se um perde o emprego, o peso recai sobre o outro, que passa a ser o provedor da família. Apesar disso, os homens lidam com a situação de forma diferente das mulheres. Eles se sentem culpados e fracassados por não estarem dando conta da família. "O pensamento `eu sou macho, não aceito ser sustentado por mulher´ ainda existe, limita e atrapalha neste momento" afirma Suzanna.


Quando os dois estão desempregados, o estresse familiar torna-se muito maior.

A psicóloga afirma que, se a mãe e o pai possuírem uma estrutura interna equilibrada e forem positivos, conseguirão admitir que estão passando por uma crise, mas que irão superá-la.


Além disso, formar e manter uma rede de amigos e familiares torna-se muito útil nesse momento. Os parentes e companheiros garantem o apoio afetivo, essencial para o equilíbrio daquela família. Os amigos mais íntimos poderão ajudar financeiramente possibilitando, inclusive, indicações para novos empregos.


Lógico que não podemos esquecer do sofrimento de ser demitido. O indivíduo se sente excluído, muitas vezes fracassado, envergonhado e culpado. Nesses momentos avalie o motivo pelo qual isso aconteceu: se a empresa cortou vários funcionários, passou por alguma crise financeira, ou se sua postura diante do trabalho não era adequada. "Não adianta generalizar e se prender à sensação de incompetência ou ao sentimento de menos valia. Tente reavaliar o que aconteceu e buscar as soluções" sugere a psicóloga.


Se todos lidarem com a situação de uma forma criativa, apesar da angústia que surge nesses momentos, os filhos, quando tiverem suas próprias famílias, saberão com enfrentar os problemas sem se desesperar. "Aproveite o momento para colocar as idéias em ordem, procurando encontrar o melhor caminho, com otimismo e criatividade" conclui Suzanna Levy.


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