Terça, 19 de março de 2024
Página inicial do clicfilhos.com.br
    

Palavrões, palavras e palavrinhas

Por Lucy Casolari *


Criança aprende tudo tão rápido! Isso vale para coisas "do bem" e "do mal". De repente seu filho, sem mais nem menos, solta um tremendo palavrão. Após o choque inicial, virão as perguntas inevitáveis: Será que sabe o que está dizendo? Onde aprendeu isso?

Se esse "evento" ainda não aconteceu, não tenha dúvida, ele virá... E você estará com uma batata quente na mão pois, acredite, a sua reação será percebida e devidamente registrada por seu filho. Pode parecer exagero, mas as crianças têm um talento especial para avaliar e utilizar as atitudes que causam mais impacto sobre os pais e adultos em geral. Por volta dos três anos repetem o que ouviram, sem saber o significado, como papagaios mesmo, portanto é a sua manifestação diante desse fato que vai dar pistas a seu filho sobre o impacto dos palavrões.

O primeiro palavrão ninguém esquece...

Se a sua reação for de escândalo, desproporcional ao fato, a criança irá, com certeza, usar dessa artimanha para chamar a atenção sempre que não conseguir de outras maneiras. Costuma ser muito eficiente!


Em algumas situações, é realmente engraçado ouvir um sonoro palavrão, ou porque cabe perfeitamente na frase da criança ou por ser totalmente estapafúrdio. Mas se você demonstrar que achou graça e se puser a rir, estará passando a dupla mensagem de que é sempre muito divertido. O palavrão pode, então, se transformar numa arma para as "gracinhas infantis".


Procure manifestar seu desagrado de forma equilibrada, porém seja firme. Assim seu filho irá, aos poucos, distinguindo palavras de palavrões, bem como as situações em que podem ser eventualmente usados.

Onde ele aprendeu isso?

É comum os pais comentarem que "é lógico que foi na escola". Uma forma de se eximir de qualquer responsabilidade! Muitas vezes não têm consciência de que utilizam esse tipo de linguagem no cotidiano, seja no trânsito, num impulso de raiva, no meio de uma discussão ou após uma topada no pé.


Resumindo, atualmente se ouve, com freqüência, termos menos educados, chulos mesmo! Só que as crianças estão atentas a tudo, não apenas ao que escutam os pais falarem, mas ao que ouvem dos outros adultos: amigos, parentes, empregados e, claro, também do que assistem na televisão. Tudo isso sem deixar de mencionar aqueles que acham muito engraçado ensinar essas "graças" aos pequenos.


Na escola, efetivamente, as oportunidades são muitas, pois sendo o espaço da socialização, é onde seu filho tem contato com várias crianças, vindas de diferentes famílias, com valores e hábitos próprios. Ainda que a escola tenha clareza e se defina por não permitir o uso de palavrões na sala de aula, existem momentos em que nem a vigilância mais cuidadosa dá conta de tudo. Os parques, pátios e recreios proporcionam uma liberdade maior e, naturalmente, uns aprendem com os outros e aumentam o vocabulário: tanto de palavras como de palavrões.


Não se trata, portanto, de descobrir o responsável ou culpado, até porque isso não leva a nada. Importante é lidar da forma mais eficiente, para desenvolver nas crianças o discernimento e as habilidades necessárias à vida em comunidade, fundamentais não só para o presente, mas principalmente para o futuro.

Lidando com o palavrão no dia-a-dia

Sabemos que é mais fácil não deixar um hábito se instalar do que alterar um comportamento. Um posicionamento firme quando as crianças usam termos mais pesados é a melhor maneira de não deixar que se tornem mania.


Os pais, às vezes, com receio de se mostrar autoritários, acabam correndo o risco de ver o vocabulário dos filhos reduzido a oito palavrões para cada dez palavras. Não se trata de bater, castigar, colocar pimenta na boca ou humilhar seu filho em público, mas de adverti-lo firmemente toda vez, mas é toda vez mesmo, em que ocorrer o evento.



Em caso de uma explosão de raiva, se você ajudá-lo a encontrar um jeito mais educado de expressar esse sentimento sem minimizá-lo, estará sem dúvida contribuindo para desenvolver uma forma de lidar com seus "monstros" produtivamente. Afinal sentir raiva porque perdeu num jogo ou ficar bravo quando o amigo ou irmãozinho quebrou o seu brinquedo preferido é uma reação normal. Importante é aprender a reconhecer o sentimento e encontrar a maneira adequada de expressá-lo.

O melhor exemplo é você

Se seu filho já adquiriu o hábito de falar palavrões indiscriminadamente, criando situações constrangedoras ao usá-los com os avós, pessoas mais idosas ou professores, certamente vai dar mais trabalho alterar esse comportamento. Comece por priorizar os mais cabeludos, ignorando o uso dos mais corriqueiros (saco, bunda, cocô...) e cuide da sua própria linguagem, procurando mostrar na prática outras alternativas.


E, principalmente, tenha paciência de monge para intervir com uma palavrinha firme, toda vez em que houver necessidade. Aos poucos ele irá se acostumando a usar um vocabulário mais adequado, deixando os palavrões para os momentos mais informais como brincadeiras e jogos com os coleguinhas. Assim palavras, palavrinhas e palavrões estarão em condições de conviver mais harmoniosamente!


* Lucy Casolari é pedagoga e educadora


Comentário:    
       

Matérias relacionadas

   
Momento Clicfilhos - Aula de boas maneiras 13/02/2020 às 15:26:07

Ensinar boas maneiras às crianças não é questão de frescura, mas sim algo muito importante para que elas adquiram noções fundamentais de respeito ao ambiente e às pessoas à sua volta.

   
Como lidar com crianças agressivas 22/04/2003 às 13:40:00

Seu filho anda muito nervoso e agressivo? Entenda porque ele pode estar agindo assim e saiba o que fazer para controlar essa pequena fera!

   
Birra, negação e anarquismo 11/07/2002 às 15:40:00

Seu filho diz não a todo momento? Dá escândalo quando não consegue aquilo que quer? Relaxe, essa é uma fase passageira e superá-la também depende de você.

   
A caminho do consultório 30/07/2001 às 14:13:00

Descubra como diminuir a ansiedade - sua e de seu filho! - antes da consulta médica. Afinal, médico não é sinônimo de dor!