Quinta-feira, 28 de março de 2024
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Música em casa II

Por Aline Romeiro - Baby Arts - Música e Interação *


O casal Fernanda Sá (fotógrafa) e Marcos Fioretti (biólogo) fala da experiência de compartilhar suas preferências musicais com suas filhas.

Nesta entrevista Baby Arts, conversamos com o casal Fernanda Sá e Marcos Fioretti. Fernanda é fotógrafa profissional, especialista em fotos de gestantes e crianças (www.fernandasa.com.br). Marcos é biólogo e professor.



Ao som de músicas de diversos estilos, na presença de suas filhas Julia (8 anos) e Laura (6 anos), o casal fala da importância dos pais compartilharem com os filhos as suas preferências musicais, convidando-os a conhecer suas músicas preferidas e apresentando estas músicas com entusiasmo e curiosidade.



Conheça as idéias e experiências musicais destes pais que, de uma maneira ao mesmo tempo cotidiana e especial, despertam a sensibilidade musical de suas filhas.


BA: como aconteceu a descoberta da música na vida de vocês?

Fernanda: meu primeiro contato musical marcante foi com os Beatles, lá pelos 7 anos. Eles têm algumas músicas bem lúdicas como Hey Bulldog, que tem cachorro latindo. Lembro de uma do Sargent Peppers que diz Good Morning e tem bichos... e tantas outras...

Marcos: eu lembro dos meus pais ouvindo Chico Buarque, Elis Regina. Eu lembro também que a morte da Elis foi muito marcante para os meus pais e para mim.


BA: alguém na família de vocês tem formação musical?

Marcos: meu avó, imigrante italiano, foi o único músico da minha família. Ele era violinista.

Fernanda: na minha família não tem ninguém que é músico. Todos gostam de música, mas ninguém toca instrumento.


BA: vocês tiveram contato com alguma estimulação musical formal, como aulas e atividades regulares, ou informal de seus pais e educadores?

Marcos: eu não fiz cursos regulares de música quando era pequeno, mas meu pai tinha um toca-discos e ele sempre ouvia músicas. E eu ouvia junto. Às vezes eu achava as músicas um pouco tristes, eu sentia uma melancolia... Mas isso era gostoso. Depois, quando já era adulto, tive umas aulas de viola caipira. Acho este instrumento muito bonito... Mas não continuei com as aulas, pois não conseguia me dedicar e estava achando muito difícil tocar.

Fernanda: eu não tive formação musical através de cursos. Mas meus pais gostam muito de música e me apresentaram várias coisas: Chico Buarque, Paulinho da Viola, Abba, Barbra Straisand... Eram coisas que tocavam muito nos anos 70.


BA: durante a gestação das suas filhas vocês cantavam para elas ou forneciam algum outro estímulo musical?

Fernanda: na gestação nós somente ouvíamos musica. Não cantávamos para elas, mesmo porque não existia essa preocupação em cantar para a criança.

Marcos: nós não tínhamos esse cuidado em cantar, mas sempre ouvíamos muita música gravada. Sempre havia alguma música tocando.


BA: que tipo de música vocês ouvem com suas filhas e em que momentos do dia-a-dia?

Fernanda: quando a Juju nasceu ela ganhou um pequeno aparelho de som que ficava no quarto. Sempre que podia ele estava ligado, com canções próprias para crianças, instrumentais. Tínhamos também um disco com músicas celtas. E o CD Canções de Brincar, da Palavra Cantada.

Marcos: a Julia acompanhava atenta os sons dos bichos, do triângulo, da percussão. E movimentava o corpinho dentro do berço. A Laura também ganhou seu disquinho e, logo cedo, até mesmo antes que a Julia, já falava algumas palavras que ouvia nas músicas.


BA: houve alguma curiosidade musical na infância delas?

Fernanda: lembro de uma vez que estávamos no carro ouvindo o Ney Matogrosso cantando Cartola e, a Laura, na cadeirinha do banco de trás, cantou: ? Vai chorar, vai sofrer!?. Ela tinha um ano e meio!

Marcos: Isso foi engraçado! Ficamos surpresos!


BA: na hora de selecionar algum tipo de música para suas filhas ouvirem, quais os seus critérios de escolha?

Marcos: escutamos e apresentamos todo tipo de música para elas. Enfim, tudo o que nos agrada.

Fernanda: atualmente estou fascinada pelas músicas do selo Putumayo e sempre mostro coisas diferentes para elas. Elas gostam bastante de ouvir e ver o que eu quero mostrar.


BA: em algum momento suas filhas demonstraram interesse por um determinado tipo de música?

Fernanda: elas gostam muito de MPB e cantigas de roda, pois entendem o que está sendo cantado.


BA: e em algum momento elas expressaram qualquer forma de rejeição a algum tipo de música?

Fernanda: elas não gostam de música com volume alto e de rock pesado.


BA: em qual contexto isso acontece? Que atitude vocês tomam nesta situação?

Marcos: às vezes, quando estamos no carro, eu coloco um CD do Pink Floyd para tocar em volume mais alto e as meninas falam: ?abaixe o som, papai!?
Mas eu não abaixo muito, mesmo porque é chato ouvir rock baixinho. O som continua alto, mas sem exagero.

Fernanda: além disso, nós temos que mostrar quem é que manda!


BA: vocês oferecem algum tipo de estimulação musical formal ou informal às suas filhas? Como vocês interagem com elas em relação à música?

Fernanda: quando a Julia tinha 4 anos e a Laura 2 anos, elas tiveram aulas de música durante algum tempo. O médico delas, que é ligado à antroposofia, indicou aula de música inclusive para melhorar as crises alérgicas da Julia, de maneira indireta. Ele disse que as crianças alérgicas são muito sensíveis, e por isso a música e a arte podem ajudá-las.

Marcos: quando tinham aulas, elas se mostraram muito interessadas por sons de piano e percussão. Há pouco tempo a Julia me pediu para consertar o teclado dela. Eu fiquei enrolando um pouco com isso, mas ela não esquecia e ficava me cobrando várias vezes: ?papai, você já consertou??
Depois que consegui consertar, ela sempre que pode dá uma tocadinha no teclado. Hoje ela consegue descobrir ?de ouvido? algumas músicas, como ?Parabéns pra você? e outras que ela ouve na televisão. E adora mostrar para a gente o que conseguiu fazer.


BA: suas filhas atualmente participam de alguma atividade musical regular? Vocês participam da atividade direta ou indiretamente?

Fernanda: por enquanto elas tem atividades de música somente na escola. E gostam muito. A Julia participa de um coral e tem aulas de flauta-doce, ela está adorando!

Marcos: quando podemos, nós deixamos que ela mostre o que aprendeu e toque alguma música na flauta para escutarmos.


BA: suas filhas pedem para vocês cantarem ou tocarem alguma música?

Fernanda: elas ouvem música sempre que estão em casa, pois tenho o som ligado o tempo todo em que estou no estúdio.

Marcos: elas pedem para repetir a música. Elas gostam muito de repetições.


BA: atualmente vocês cantam, tocam ou ouvem música com suas filhas?

Marcos: ouvimos muita música no carro e em casa. O ?momento carro? chega a ser uma atividade cultural! E elas já demonstram suas preferências.

Fernanda: a Julia, por exemplo, gosta muito de ouvir Zé Ramalho. Nós ouvimos e cantamos.


BA: vocês poderiam dar algumas dicas que os pais possam adotar em casa para estimular a sensibilidade sensorial e musical dos seus filhos?

Fernanda: recomendamos que os pais apresentem aos filhos o que genuinamente gostem. Não tem sentido dizer aos filhos que musica clássica é ótima se os próprios pais não cultivam o hábito de escutar esse tipo de música.

Marcos: as crianças são muito sensíveis ao ambiente. Um ambiente musical variado pode despertar pessoas abertas e sensíveis para a música.


* Aline Romeiro - Baby Arts - Música e Interação Musicista, pesquisadora e educadora musical. Mestre em musicologia pela Unesp - Universidade Estadual Paulista, tem formação em piano e atua como professora especializada em programas arte-educativos para gestantes e bebês. É diretora da Baby Arts - Música e Interação, organização especializada no desenvolvimento de atividades artísticas e educativas para bebê e crianças de 0 a 3 anos. contatos@babyarts.com.br


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