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Jovens cidadãos

Por Carla Oliveira *


O governo, as escolas e as ONGs estão unindo esforços para estimular a participação dos jovens em atividades voluntárias. Saiba o que você pode fazer para colaborar.

Em agosto de 2002, a Secretaria de Educação de São Paulo reconheceu o voluntariado como parte da proposta pedagógica das instituições de ensino. A partir dessa data, os alunos que participam de projetos sociais desenvolvidos pela escola podem ter suas atividades registradas no histórico escolar. E, desde dezembro do mesmo ano, o estudante que exerce o voluntariado na Bahia recebe o "Certificado de Estudante Voluntário", que também pode ser anexado ao currículo.


Medidas como essas buscam estimular os jovens a se envolver em projetos de responsabilidade social e, mais do que isso, reconhecer e valorizar aqueles que já o fazem. O Instituto Faça Parte, criado em 2001 com a função de organizar o Ano Internacional do Voluntariado no Brasil, atualmente se dedica a transformar o jovem em protagonista de ações sociais. Por meio do programa "Jovem Voluntário, Escola Solidária", o Faça Parte divulga o voluntariado nas escolas e as ajuda a colocar em prática seus projetos, dando toda a orientação necessária.

Uma experiência de sucesso

Com o crescimento extraordinário do voluntariado nos últimos anos, muitas escolas estão começando a abrir espaço para esse tipo de atividade. No Centro Interescolar Municipal Prof.ª Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul - SP, os projetos sociais existem desde sua fundação, há mais de 30 anos. Atualmente, dos 2.000 alunos, 300 são voluntários nos inúmeros projetos que a escola desenvolve.


Um deles, o Projeto + Vida, conta com a participação de 35 jovens, que atuam como monitores em um parque ecológico da cidade, ensinando conceitos de preservação ambiental às crianças que o visitam diariamente. Outro grupo de alunos apresenta peças teatrais em asilos, creches e outros locais onde a população é carente. Existe também um projeto denominado Avança Cidadão, cujo objetivo é arrecadar brinquedos, agasalhos ou até mesmo fraldas geriátricas - tudo o que for preciso para atender à demanda de campanhas sociais.


Neste ano, no Dia do Idoso, os alunos distribuíram de brincos, batons e sabonetes a gelatina em asilos. "Eles tiveram o cuidado de ligar antes para cada instituição e perguntar que produtos estavam em falta. Descobriram que os idosos adoravam gelatina e levaram vários pacotes da guloseima para agradá-los", conta Silvana de Santis, coordenadora de eventos da escola.


Já o Projeto Interdisciplinar envolve todos os alunos. Cada ano é escolhido um tema diferente - o deste é a "fome". Os professores de todas as disciplinas discutem esse tema sob diversos pontos de vista e propõem trabalhos, que são expostos na própria escola. Em novembro, haverá uma gincana para arrecadar alimentos que serão distribuídos em instituições como creches, asilos e orfanatos.


Silvana não se cansa de enumerar os inúmeros benefícios que a atividade voluntária traz aos alunos. "Por meio dessas ações, o jovem interfere diretamente na sociedade, percebe que tem poder de ação e com isso se sente bem, útil. A auto-estima dele aumenta", diz. E não é só isso. "Além de ocupar o tempo ocioso, essas atividades representam um referencial no currículo. Uma de nossas alunas fez seleção em uma grande empresa e foi contratada. O chefe disse depois que o fato dela ter trabalhado como voluntária pesou na decisão dele", completa Silvana.


A coordenadora destaca a importância da escola nesse processo. "O jovem não sabe o potencial que tem. Alguém precisa lhe mostrar o caminho". Ela ainda ressalta que a responsabilidade social deve ser parte da filosofia da escola e deve haver comprometimento de todos. "Nada disso seria possível se não fosse nossa diretora, a Arlete. Ela acompanha tudo e participa também". Há alguns meses, o Faça Parte vem ajudando a elaborar e executar os projetos da escola. "Depois disso, cresceu o interesse dos alunos, pois eles viram que têm reconhecimento", finaliza Silvana.

Dicas para começar

Não só os professores, mas também os pais devem cobrar da escola a participação em projetos sociais. É claro que o jovem não precisa trabalhar como voluntário apenas em atividades ligadas à escola. Existem muitas instituições onde ele pode oferecer sua ajuda. Mas, muitos têm preguiça de procurar um lugar e acabam desistindo. Outros realmente nunca pensaram em ser voluntários e não fazem idéia de quão importante - e prazerosa! - é essa atividade.


Por isso, a atuação da escola é fundamental. Ela serve para mostrar as possibilidades, para dar motivação. Toda instituição de ensino que pretende dar uma formação humana aos seus alunos deve se preocupar em ensinar, além de fórmulas de física e sintaxe, conceitos como solidariedade e cidadania. E nada melhor do que aprender na prática! Aí vão algumas dicas para orientar essa empreitada:


  • Ouça o que os jovens têm a dizer sobre o assunto "voluntariado". Promova debates e trabalhos relacionados ao tema, para identificar as áreas de maior interesse e as maiores preocupações dos alunos


  • Percorra os bairros próximos à escola e identifique os problemas que poderiam ser solucionados. Perto de você, pode haver uma creche que precisa ser pintada. Que tal arrecadar dinheiro, comprar tinta e propor aos estudantes que coloquem a mão na massa?


  • O importante é começar de alguma forma. Não espere conseguir muitos recursos ou mesmo grande adesão dos jovens logo no início. Aos poucos, os projetos vão crescendo e atraindo mais interessados


  • Procure se informar sobre projetos desenvolvidos por outras escolas. Eles podem servir como inspiração para você criar seus próprios projetos. Talvez você possa até mesmo propor uma parceria!


  • Para levar adiante um projeto social, é necessário ter comprometimento. Isso significa disponibilizar tempo e trabalho, não só dos alunos como dos professores, coordenadores e diretores. Tudo tem de ser levado a sério!


  • Trabalho voluntário deve ser motivado pelos simples desejo de ajudar! Nada de oferecer meio ponto a mais no boletim de quem participar ou outros benefícios - e muito menos incluir o trabalho como parte da nota de alguma disciplina, como atividade obrigatória.

    Orgulho estampado!

    Em 2003, o Faça Parte criou o Selo Escola Solidária para prestigiar as escolas que têm comprometimento com o ideal de solidariedade. Agora, em 2005, ocorre a segunda edição deste projeto. As instituições de ensino que se candidatarem ao selo deverão preencher uma auto-avaliação referente ao seu envolvimento com as questões sociais. Aquelas que fizerem no mínimo metade dos pontos conquistam o Selo Escola Solidária 2005.


    A escola poderá estampar o selo nos materiais que desejar, como documentos, cartazes, envelopes, apostilas, etc. Podem participar escolas de todo o Brasil, públicas ou privadas, de ensino básico. A inscrição deve ser feita até 31 de maio no site do Faça Parte (www.facaparte.org.br) ou pelo correio. Os resultados serão divulgados em setembro. Para mais informações, ligue para (11) 3266 5477. Não deixe de participar!


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