Quinta-feira, 28 de março de 2024 |
Quando os pais começam a difícil e cansativa maratona de visita às escolas para fazer sua opção, defrontam-se com terminologias indecifráveis. Coordenadores e professores ainda se comunicam muito mal com as famílias e, muitas vezes, não conseguem traduzir sua forma de trabalho.
Ao mesmo tempo, as escolas estão passando por profundas alterações em suas propostas, baseadas em diferentes concepções de aprendizagem difundidas ao longo do século 20. Muitas delas mesclam diferentes metodologias, na tentativa de realizar uma mudança menos traumática.
De qualquer forma, é importante que as famílias se situem diante de algumas das principais concepções pedagógicas para que compreendam, um pouco melhor, o que é oferecido dentro das instituições. Só assim poderão fazer perguntas e optar de acordo com as suas crenças e filosofia.
O que vale, nesse momento, não é escolher o que está na moda, o que é mais divulgado na mídia ou nos folhetos publicitários, mas que a família acredite no que é proposto.
As escolas tradicionais adotam um modelo pedagógico mais consolidado e, muitas vezes, trabalham com professores mais experientes. No entanto, podem levar mais tempo para incorporar inovações nos métodos educacionais.
As escolas modernas têm um entusiasmo natural. Seus profissionais trabalham com motivação e estão mais abertos ao debate. São mais críticos e estão sempre revendo sua prática.
Existem escolas que se rotulam modernas, mas nem por isso têm uma proposta coerente com o que veiculam. O que revela a linha de uma equipe é seu trabalho diário e não a teoria impressa num plano de ensino, num folheto ou o discurso em reunião de pais.
Longe de querer esgotar o assunto, aqui vão algumas das principais linhas existentes hoje nas escolas de educação infantil e ensino fundamental.
Essa proposta de ensino privilegia o conteúdo. É centrada na figura do professor, encarregado de transmitir o conhecimento. O aluno é um elemento passivo, que recebe e assimila o que é transmitido.
O seu sistema de avaliação mede a quantidade de informação absorvida. A ênfase está na memorização e na reprodução do conteúdo por meio de exercícios. Privilegia a preparação para o vestibular desde o início do currículo escolar.
Essa linha de ensino difundiu-se no século 18, a partir do Iluminismo, e tinha por objetivo universalizar o acesso do indivíduo ao conhecimento. Foi considerada não-crítica e ultrapassada nas décadas de 60 e 70, mas ainda tem prestígio. Seus defensores enfatizam que não há como formar um aluno crítico e questionador sem uma sólida base de informação. Escolas que seguem esse modelo tendem a ser rígidas em relação à disciplina.
O construtivismo nasceu a partir das idéias de Jean Piaget. Sua teoria de aprendizagem chegou ao Brasil na década de 70, quando foram criadas algumas escolas experimentais ou alternativas. Hoje está largamente difundido.
A proposta dá prioridade à forma como o aluno aprende, enfatizando a construção do conhecimento a partir das relações com a realidade. As escolas que seguem essa teoria têm como ponto de partida a criança e os conhecimentos que ela traz consigo, buscando fazer com que esses saberes sejam aprofundados, reconstruídos em diferentes momentos e de diversas formas.
O professor tem o papel de coordenar as atividades, perceber como cada aluno se desenvolve e propor situações de aprendizagem significativas. O conteúdo é importante, mas o processo pelo qual o aluno chega a ele é a prioridade. Seus defensores afirmam que mais importante do que a informação meramente transmitida é saber chegar a ela e estabelecer relações e comparações.
A aplicação dessa teoria tem possibilitado a formação de crianças que vão além do mero conteúdo assimilado. São mais críticas, opinativas, investigativas. Sua disciplina está voltada para a reflexão e auto-avaliação, portanto não é considerada rígida.
Maria Montessori desenvolveu uma teoria científica do desenvolvimento infantil e elaborou uma linha pedagógica que ganhou força a partir da Primeira Guerra Mundial.
De acordo com a visão montessoriana, a criança deve ser incentivada a desenvolver um senso de responsabilidade pelo próprio aprendizado e o ensino deve ser ativo. É esperado que o aluno, consciente de suas atividades, adquira maior autoconfiança.
Sua concepção está voltada para as atividades motoras e sensoriais: trabalhos, jogos e atividades lúdicas. Propõe uma aproximação do aluno com a arte, a música e a ciência. As escolas que seguem essa linha enfatizam as experiências e o manuseio de materiais para se obter a concentração individual e o aprendizado.
O professor é um guia, um orientador que remove obstáculos à aprendizagem, localiza e trabalha as dificuldades da criança.
As inovações introduzidas pelo método montessoriano estão presentes até hoje em escolas que não seguem necessariamente sua linha: a disposição circular dos alunos, os jogos pedagógicos sempre disponíveis e os cubos lógicos de madeira para o ensino da matemática.
Essa linha pedagógica baseia-se nos ensinamentos do filósofo alemão Rudolf Steiner. Não utiliza materiais artificiais como plástico e aço e evita trabalhar com produtos acabados. Prefere dar à criança um pedaço de madeira para que ela o transforme em brinquedo em vez de comprar um já feito pela fábrica.
Suas propostas são baseadas no movimento da criança, na atividade motora. É contra o uso da televisão e a alfabetização antes dos sete anos de idade. Trabalham-se, em conjunto, três aspectos do desenvolvimento: o físico, o individual e o social.
Os alunos são agrupados por faixas etárias, pois Steiner acreditava que cada uma têm necessidades básicas a serem atendidas. Para ele, o desenvolvimento ocorre em ciclos de sete anos. O professor é um tutor que guia a mesma turma durante esses períodos.
Não há repetência e a relação com a família é intensa. As escolas que seguem essa linha têm princípios mais radicais e esperam dos pais uma postura sintonizada com a filosofia.
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