Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025 |
É fundamental que os pais saibam que, muitas vezes, o interesse da criança pela morte - ou qualquer outro assunto delicado - pode ser muito diferente daquilo que os adultos imaginam. Nós, pais, temos o hábito de não levar em consideração a lógica infantil a respeito das coisas sobre as quais falamos. Por isso acabamos faltando com a verdade, supondo que dessa forma estaremos evitando angústias e sofrimentos.
As crianças entre 3 anos e 5 anos, aproximadamente, são extremamente curiosas sobre como os bebês crescem na barriga da mãe, como os aviões voam, porque e como as pessoas nascem, crescem e morrem, inclusive elas próprias. Nessa fase, estão apreendendo as diferenças entre a fantasia e a realidade.
No início do seu desenvolvimento, acreditam que certos fenômenos da natureza ocorrem por "mágica". Aos poucos, pela experimentação com objetos do mundo real (relações de causa e efeito) acabam concluindo que não há truques e que os fatos acontecem por motivos lógicos.
Com relação à compreensão do conceito de morte, os pequenos fazem perguntas e mais perguntas, dia após dia, até que consigam chegar a um determinado tipo de entendimento. Ao mesmo tempo em que isso ocorre podemos observar, em suas brincadeiras, que fantasiam situações de morte com bichinhos e bonecos. Assim, o que aos olhos do adulto pode parecer um comportamento repetitivo e exagerado, deve ser encarado como uma forma saudável de elaborar muitas situações reais.
Lembre-se de que nós mesmos precisamos de um tempo para resolver - na mente e no coração - muitas experiências pelas quais passamos. E que perto das crianças pessoas podem morrer, sejam elas da família ou somente conhecidas. Não se iluda: elas vivenciam na rua, ou no parque, a morte de insetos e outros animais. Às vezes de seu próprio animal de estimação. E aprendem, de certa forma, a lidar com esse fato.
Quando ocorre a morte de um ente querido, os adultos, para os quais o fim da vida tem um significado muito carregado de tristeza e sofrimento, às vezes preferem mentir ou ocultar das crianças o acontecido. Essa atitude certamente não está em julgamento. Mas é importante saber que podemos estar negando aos nossos filhos a possibilidade de questionar e permitir que elaborem essa perda que também é deles.
As explicações sobre a morte devem ser simples, diretas e verdadeiras. Não se preocupe com a fascinação de seu filho sobre esse tema. O interesse é absolutamente natural. Discursos muito longos não irão tranqüilizá-lo. Procure ir direto ao ponto e não o engane com respostas vagas.
Ele continuará perguntando incansavelmente, até que obtenha uma resposta honesta. Ao falar sobre a morte devemos dizer tudo o que sabemos e pensamos. E tudo pode ser dito de forma muito simples: porque estamos vivos um dia morreremos; ou tudo o que vive um dia morre. Se não tiver respostas para todas as perguntas, prefira dizer "não sei". Ninguém sabe quando vai morrer!
Quando os pais são religiosos e a fé faz parte do cotidiano da família, é preciso ser coerente com essa crença. Porém, se os pais não crêem em nada, falar sobre alma, céu, inferno, vida após a morte, reencarnação ou outros assuntos que não fazem parte do seu cotidiano, criará uma confusão ainda maior na cabecinha dos pequenos.
Como as respostas para esse tema não são universais a criança pode, ainda, se defrontar com explicações vindas de diversas fontes fora do universo familiar. Os pais, nesse momento, poderão ajudá-la a organizar as informações e explicar o porquê dos diferentes conceitos.
A morte, sem duvida, é um tema muito delicado. Mas, dentro do possível, deve
ser encarado como parte da vida. De uma forma geral as crianças não conseguem
entender a morte até os 10 anos de idade. A maioria delas não vive a tristeza diante dela como os adultos. Elas querem apenas os fatos. Coragem! Não recuse esse pedido!
* Monica C. Burg Mlynarz é psicóloga clínica com especialização em Psicologia Educacional e Terapia de Família.
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