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Dinheiro não nasce em árvore!
Por Carla Oliveira
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'Compra pra mim?' Essa talvez seja uma das frases mais ouvidas pelos pais... Saiba o que fazer para que seu filho não se torne consumista e aprenda a dar valor ao dinheiro.
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Ao avistar o objeto desejado, seus olhos brilham e ela logo pede para a mãe comprá-lo. A resposta é "não", mas ela insiste. Quando percebe que a mãe não vai mesmo ceder, ela começa um verdadeiro show. Senta no chão, grita, chora, bate o pé... A mãe a puxa pelo braço e, constrangida, tenta fazê-la parar com o escândalo. Quem nunca viu uma criança agir assim? Seja no supermercado ou na loja de brinquedos, essa cena se repete diariamente.
Mas o pior é que, mesmo que os pais cedam e comprem aquilo que seu filho quer, o pequeno logo enjoa e quer sempre outra coisa nova. O que importa não é usufruir o que se tem, mas adquirir todas as novidades que surgem. E os fabricantes de produtos para crianças não são nem um pouco bobos. A cada dia, lançam coisas novas: refrigerante que dá brinde, chiclete com sabor em dobro, bonecas que andam, falam e fazem xixi, roupas "descoladas" com brilho, sandálias multicoloridas e por aí vai...
O resultado disso tudo é que o dinheiro vai embora rapidamente e a satisfação é apenas passageira. Os apelos para o consumo realmente são muito grandes, mas as crianças podem aprender desde pequenas a resistir aos impulsos e a dar valor ao dinheiro. Os pais têm um papel fundamental nesse processo. Não é uma tarefa fácil, mas certamente vale a pena.
Educar sempre
"As pessoas consomem por impulso e isso leva à frustração. É comum que a criança brinque apenas uma vez com um brinquedo que tanto insistiu para ter e depois não o use mais", ressalta a pedagoga Nereide Schilaro Santa Rosa. Para evitar que isso aconteça, os pais precisam mostrar a seus filhos, aos poucos, que é preciso valorizar o dinheiro.
Para Nereide, ensinar as crianças a serem consumidores conscientes é um dos mais importantes desafios dos pais hoje em dia. Para ajudá-los nessa empreitada, ela escreveu o livro "A Lojinha do Tio Sah-Lim", em parceria com o empresário Walter Zarzur Derani. No livro, eles contam a história do dinheiro, o surgimento da moeda e explicam conceitos como salário e nota fiscal. A palavra salário, por exemplo, vem do sal, usado como moeda de troca antigamente. O livro é dirigido às crianças, mas os pais também podem - e devem! - participar da leitura.
Um dos objetivos do livro é mostrar a importância do dinheiro no contexto histórico do mundo e explicar por que tudo depende dele. O livro acompanha um jogo de tabuleiro, realizado em duas etapas. Na primeira, o objetivo é acumular "sah-lims", a moeda do jogo. Na segunda etapa, cada criança monta uma lojinha e compra produtos com as moedas ganhas.
Segundo a pedagoga, os pequenos devem ser exigentes na hora de gastar suas primeiras moedas. E, mesmo que ainda não ganhem mesada, podem influenciar as compras da família. "É importante que as crianças aprendam a escolher produtos de qualidade, e a dar preferência àqueles produzidos por empresas que desenvolvem projetos na área social. E sempre exigir nota fiscal!", destaca. Tudo isso é ensinado no livro.
Para Nereide, de nada adianta agir com agressividade quando a criança está fazendo escândalo no meio de uma loja. Dizer "não" é importante, mas é preciso que os pais tenham o costume de conversar com seus filhos sobre esse assunto. "Os pais devem estimular a criança a refletir e não agir por impulso. Crianças também podem desenvolver espírito crítico", defende.
Para saber mais
"A Lojinha do Tio Sah-Lim
Autores: Nereide Schilaro Santa Rosa e Walter Zarzur Derani.
Editora: Saraiva