Quinta-feira, 28 de março de 2024 |
Viver uma gravidez com curvas harmoniosas transcende os cuidados com a beleza. Existe uma forte relação entre o peso da mãe e a saúde do bebê no momento do nascimento. Mas a preocupação com os ponteiros da balança deve começar antes mesmo da concepção. Sem exageros, a saúde do bebê depende, em grande parte, do peso pré-gestacional e, depois, do ganho de peso durante este período. O ideal é que toda a mulher que esteja planejando engravidar faça uma avaliação nutricional para poder planejar, cuidadosa e individualmente, o seu ganho de peso.
Se você estiver tentada a pender para um dos lados da balança, é bom saber que mulheres que iniciam a gestação com baixo peso têm mais probabilidade de apresentar complicações no parto, dar à luz bebês prematuros ou com baixo peso. Da mesma maneira, futuras mamães com sobrepeso ou obesidade também correm maior risco de ter complicações na gravidez e no parto, comprometendo a saúde de seu bebê, e de retornar ao peso normal após o parto.
Para você ter uma idéia do grau de importância de uma alimentação balanceada (e dos estragos que uma dieta maluca pode provocar), o estado nutricional da mãe, antes da gestação, determinará a qualidade da placenta - responsável pelo transporte do oxigênio e de todos os nutrientes de que o feto necessita. E, para que ele se desenvolva e cresça adequadamente, a placenta também deve ser saudável. Se as reservas nutricionais da mãe estiverem inadequadas durante a fase de desenvolvimento placentário, isto é, durante os primeiros meses, não importa o quanto ela coma depois: o feto não conseguirá receber todos os nutrientes de que precisa.
Muitas mulheres se preocupam exageradamente com o fato de engordar nesse período. Mas um adequado ganho de peso durante a gestação é fundamental e necessário para a saúde do bebê e da mãe. A natureza é sábia. Cada quilo de peso ganho já tem o seu destino certo. Inclusive a gordura acumulada tem uma função: ela servirá de fonte de energia para produzir leite durante a fase de amamentação.
Se você ganhar peso através de uma alimentação saudável e rica em vitaminas e minerais, você estará formando reservas importantes e nutrindo seu filho, não apenas "engordando". A tabela abaixo mostra como se divide o peso na gestação, em média.
O ganho de peso da gestante depende de fatores individuais como o peso pré-gestacional, idade, atividade física e se a gravidez é de um único feto ou não. Um ganho de peso insuficiente é tão prejudicial quanto um ganho excessivo. Portanto, qual a recomendação?
Se você inicia a gestação com o peso e reservas nutricionais adequadas, deve ganhar de 11 a 14 kg. Durante o primeiro trimestre, o aumento de peso é menor: o feto ainda é muito pequeno e o ganho corresponde mais ao crescimento do útero e ao aumento do volume sangüíneo. Até o final do primeiro trimestre, você deve ganhar de 0,9 a 1,8 kg. A partir daí, são previstos 450 g por semana, o equivalente a 1,8 kg por mês.
Numa gravidez planejada, o baixo peso deve ser corrigido antes da concepção. Assim você pode repor o que é necessário e formar as reservas que serão utilizadas durante todo o período de gestação e lactação. Se não houver tempo de engordar, durante a gravidez será preciso aumentar a faixa de ganho para 13 até 18 kg.
A compensação do peso também vale para quem estiver com quilos a mais. Nesse caso, é aconselhável perder o excesso antes da gestação. Tudo depende da qualidade da sua dieta. Se você iniciar a gestação com excesso de peso, deverá diminuir a faixa de ganho para 7 até 11 kg, no máximo.
Mesmo que você esteja com vários quilos a mais do que era previsto nessa fase da gravidez, risque qualquer idéia que se refira a dieta. Nas últimas semanas, então, nem pense em tentar emagrecer. A restrição calórica pode ser extremamente prejudicial, tanto para o feto que está se desenvolvendo como para a mãe. Procure orientação profissional, do seu obstetra ou de um nutricionista. Ele fará um planejamento individual para que a velocidade de ganho de peso seja um pouco menor.
Por outro lado, ganhar menos de 1 kg por mês, durante os últimos dois trimestres, pode levar ao nascimento de uma criança com baixo peso. Além disso, dietas muito restritas geralmente são pobres em nutrientes, justamente o que ambos mais necessitam nesse momento. A restrição calórica também pode levar à formação de corpos cetônicos, substâncias que são prejudiciais para o desenvolvimento neurológico do feto. Adolescentes grávidas, mulheres que praticam muita atividade física, gestantes com gravidez múltipla devem, também, compensar uma possível carência nutricional ganhando mais peso. Sempre, é claro, com qualidade. Independentemente do caso, o acompanhamento deve prosseguir durante toda a gravidez para que padrões anormais de ganho de peso, assim como outras complicações e dúvidas, possam ser identificados e tratados.
* Flavia Schwartzman é nutricionista, formada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, com especialização em Nutrição Materno-Infantil, Mestre em Nutrição pela Escola Paulista de Medicina.
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