Quinta-feira, 28 de março de 2024
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Pais, acreditem em vocês!

Por Carla Oliveira *


Você se sente inseguro quando precisa lidar com seus filhos e teme não estar cumprindo bem o seu papel? Saiba como recuperar sua confiança e atuar mais firmemente na educação deles.

Nunca se cobrou tanto dos pais. Seu desempenho é constantemente analisado, seja em livros, programas de televisão ou até mesmo pela família e pelos amigos, sempre em busca de falhas que possam ser a causa dos problemas ou fracassos dos filhos. As próprias crianças e adolescentes não se cansam de fazer exigências, além de recriminar seus pais quando acham que estes não estão cumprindo seus "deveres".

"Esse fenômeno vem causando uma aguda sensação de insegurança e medo nos pais, levando a uma crescente inibição em relação à educação dos filhos", explica a educadora Tania Zagury*. Com receio de serem responsabilizados e culpados por tudo, os pais ficam paralisados, sem saber como agir. É aí que seus filhos aproveitam para inverter o jogo e ditar as regras, como se estivessem no controle da situação.

"Quando os responsáveis abandonam ou se sentem cerceados no seu direito de intervir sobre determinadas atitudes dos filhos, a educação e a formação ética dos novos cidadãos fica imensamente comprometida", diz a educadora. E, para que os pais possam recuperar a confiança na educação dos seus filhos, eles precisam ser alertados sobre os direitos que têm, e não só suas obrigações e deveres.

Foi pensando nisso que Tania Zagury escreveu o livro Os Direitos dos Pais - Construindo Cidadãos em Tempos de Crise, que já vendeu mais de 25.000 exemplares desde março deste ano. O fortalecimento da atuação dos pais e a recuperação dos valores familiares é imprescindível, ainda mais nos dias de hoje, em que a violência, as drogas, o consumismo e a mentira ganham cada vez mais espaço.

"No momento, a sociedade está em crise. Estamos assistindo ao desmonte das nossas mais importantes convicções", alerta Tania. A educadora enfatiza que, quanto maior a crise social, mais importante se torna a função paterna. "Em lugar de abandonar a luta, precisamos, mais do que nunca, trabalhar as novas gerações no sentido de uma conscientização crescente, do desenvolvimento da capacidade de se opor ao que vimos assistindo, e acreditar que são eles - os jovens - que poderão melhorar e mudar o perfil da sociedade", ressalta.

"Em última análise, voltar a acreditar nos seus próprios direitos é o melhor antídoto que os pais têm contra os atos devastadores que temos visto ocorrer - filhos matando por dinheiro, fugindo de casa à menor contrariedade, mentindo com desenvoltura, e até com certo orgulho, para conseguir seus objetivos imediatos, muitas vezes fúteis", conclui Tania.

Não, não e não!

Entre outros direitos, Tania destaca o de poder dizer não sem ter medo de deixar o filho traumatizado ou frustrado. Se o seu filho de 12 anos quer ir a uma festa onde haverá adolescentes mais velhos, em um horário inapropriado, você tem o direito de negar, mesmo que ele insista que "todo mundo vai" e chore o dia inteiro. Quando isso acontece, em geral os pais acabam cedendo diante da tristeza do menino e de argumentos como "eu sou um infeliz, nunca posso fazer nada que eu quero".

A verdade é que os pais são levados a crer que precisam atender a todos os desejos dos seus filhos e que seus medos - como o de que durante a tal festa ofereçam bebida alcoólica ao seu filho, por exemplo - não são legítimos, ou devam ser relevados a qualquer custo, já que esse seria o preço da felicidade dos seus pimpolhos. Sim, as crianças estão muito precoces e começam a namorar, a sair e a beber cada vez mais cedo. E muitos pais entram na onda por que não querem ser os únicos a dizer não, mesmo que isso contrarie suas crenças.

Mas, como afirma Tania Zagury, é preciso analisar se realmente é benéfico dar aos filhos tudo o que eles pedem. Dar limites e disciplinar os filhos, como lembra a educadora, não significa ser antiquado ou autoritário. Os pais precisam zelar pelo bom desenvolvimento dos seus filhos e pelo ensinamento de valores, e isso só é possível por meio de regras e, é claro de muito diálogo, equilíbrio e respeito. Por isso tenha em mente que você tem o direito de dizer não quando achar necessário, sem se sentir um "monstro" por isso.

E tem mais!

Leia, a seguir, alguns dos direitos dos pais que são discutidos no livro. De acordo com Tania Zagury, você também tem o direito de:

  • Negar-se a comprar algo que não está dentro das suas possibilidades, sem ter que dar mil explicações.

  • Ficar cansado e querer dormir até mais tarde no domingo.

  • Proibir seu filho de comer fast-food a toda hora ou de assistir à televisão antes de estudar.

  • Estar presente na vida do seu filho, entrar em seu quarto para conversar e ir buscá-lo na escola e nas festinhas, sem ser acusado de estar invadindo a privacidade dele.

  • Exigir que seu filho cumpra as tarefas necessárias e cortar seus privilégios quando ele não o fizer.

  • Ensinar a ele valores como ética, honra, respeito, honestidade e generosidade, sem ser visto como chato ou careta.


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