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Ácido fólico previne a espinha bífida

Por Maria Paola de Salvo * em 26/04/2002


Descubra como prevenir seu bebê dos problemas decorrentes da espinha bífida, ainda antes da gravidez, tomando ácido fólico!

Segundo pesquisas do Centro de Genética Médica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), um em cada 1.000 bebês nascidos vivos poderia estar livre dos problemas decorrentes da espinha bífida, se a mãe tivesse ingerido uma pequena quantidade de ácido fólico diariamente, antes da gestação.


"O ácido fólico foi prescrito somente depois que já sabíamos da gravidez, quando a malformação já estava configurada. Ainda assim, nada nos foi dito a respeito do defeito do tubo neural", afirma Hermano Reis, de Belo Horizonte, pai de um garoto de 8 anos com espinha bífida.


Embora pouco conhecida, a espinha bífida (cindida, dividida) ou mielomeningocele é um dos defeitos mais comuns que envolvem o fechamento do tubo neural do feto, ou seja, de sua coluna vertebral. Essa divisão ocorre nas primeiras semanas de gravidez, quando a medula, então em formação, não se fecha corretamente. Isso faz com que os bebês tenham os nervos expostos e algumas vértebras danificadas.

Aprenda mais sobre a doença

Dos males causados pelo defeito de fechamento do tubo neural, a espinha bífida ainda é o menor. Na anencefalia, forma mais grave da doença, uma parte do encéfalo nem chega a se formar, o que leva o bebê à morte. O mesmo ocorre na cefalocele, já que o osso do crânio não se desenvolve de forma correta.


Ainda que a criança com espinha bífida consiga atingir a fase adulta, as conseqüências não deixam de ser desastrosas: paralisia em diferentes graus, escoliose, falta de controle urinário e fecal e até hidrocefalia, que é o aumento do tamanho da cabeça devido ao acúmulo de líquor, decorrente da obstrução da medula. A gravidade do problema depende do lugar onde ocorreu a lesão na espinha. "Quanto mais alta for a cisão, maior é o comprometimento para a saúde da criança", ressalta Ana Beatriz Perez, médica geneticista e pediatra da Unifesp e da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) .


O defeito pode ser detectado pelo ultra-som, ainda nos 3 primeiros meses de gravidez. A partir daí, o acompanhamento médico se torna freqüente. Do nascimento até o primeiro ano de vida, a criança deverá submeter-se a uma maratona de cirurgias para corrigir ou minimizar o problema, além de contar sempre com a assistência de ortopedistas, pediatras, fisioterapeutas e psicólogos.


Apesar dos problemas, a capacidade intelectual, na maior parte das vezes, é preservada. "Meu filho é uma criança absolutamente normal, somente mais lenta no andar que as demais. Apesar de ter uma lesão tóraco-lombar (uma das mais graves), anda com o uso de um aparelho, está na primeira série e é muito inteligente", afirma Hermano Reis.

Herança genética também é responsável

Pesquisas indicam que a ação do ácido fólico se dá nas primeiras semanas de gestação. Essa vitamina atua como ajudante de algumas enzimas na reação natural de transformação de uma substância, a homocisteína, em metionina. O processo foi explicado cientificamente, porém sua relação com a doença ainda permanece obscura. Acredita-se que uma quantidade elevada de homocisteína poderia contribuir para desencadear o problema.


No entanto, a carência de ácido fólico não é o único fator responsável por esse mal. De acordo com a dra. Ana Beatriz, a espinha bífida é uma doença multifatorial, ou seja, depende também de uma herança genética. "Em determinados casos, existe uma combinação de genes herdados dos pais que favorece o problema", explica a médica. Veja na tabela abaixo, as probabilidades de se ter o problema na família:

size="2" face="Arial">Incidência e riscos de recorrência de
DFTN*



bordercolor="#000000">












































style="width:255.5pt;border:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> align="center" class="MsoNormal"
style="text-align:center"> face="Arial">Situação


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border-left:none;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> align="center" class="MsoNormal"
style="text-align:center"> face="Arial">Risco


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border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Incidência populacional
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none;border-bottom:solid windowtext .5pt;border-right:solid windowtext .5pt;
mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">1:300 a 1:1000
style="width:255.5pt;border:solid windowtext .5pt;
border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Incidência populacional com uso do
ác. fólico
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none;border-bottom:solid windowtext .5pt;border-right:solid windowtext .5pt;
mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">1:2000
style="width:255.5pt;border:solid windowtext .5pt;
border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Um descendente afetado
style="width:193.4pt;border-top:none;border-left:
none;border-bottom:solid windowtext .5pt;border-right:solid windowtext .5pt;
mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">1:25
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border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Um descendente afetado + uso de ác.
fólico
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none;border-bottom:solid windowtext .5pt;border-right:solid windowtext .5pt;
mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">1:1000
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border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Dois descendentes afetados
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none;border-bottom:solid windowtext .5pt;border-right:solid windowtext .5pt;
mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">1:8 a 1:10
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border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Três descendentes afetados
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none;border-bottom:solid windowtext .5pt;border-right:solid windowtext .5pt;
mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">1:4
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border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Um progenitor afetado
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mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">1:25
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border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Um parente de 2º grau afetado
style="width:193.4pt;border-top:none;border-left:
none;border-bottom:solid windowtext .5pt;border-right:solid windowtext .5pt;
mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">1:50
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border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Um parente de 3º grau afetado
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none;border-bottom:solid windowtext .5pt;border-right:solid windowtext .5pt;
mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Menos de 1:100
style="width:255.5pt;border:solid windowtext .5pt;
border-top:none;mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Vários parentes de 2º e 3º grau
afetados
style="width:193.4pt;border-top:none;border-left:
none;border-bottom:solid windowtext .5pt;border-right:solid windowtext .5pt;
mso-border-top-alt:solid windowtext .5pt;mso-border-left-alt:solid windowtext .5pt;
padding:0cm 3.5pt 0cm 3.5pt"> size="2" face="Arial">Até 1:25


* Defeitos do
fechamento do tubo neural

Prevenção começa antes da gravidez

A prevenção desses males começa na mesa, com uma dieta balanceada e rica em ácido fólico. Acostume-se a consumir fígado, gema de ovo e levedo de cerveja. Além dos vegetais de folhas verdes como brócolis e espinafre, estes alimentos são grandes fontes da vitamina. Uma dica é observar a coloração das folhas: quanto mais escuras, maior a quantidade de ácido folico presente nelas. "Nas pesquisas e entrevistas que realizamos, percebemos que a maior parte das mulheres tinha uma dieta deficiente, pois comiam apenas alface na salada", ressalta a dra. Ana Beatriz.


Embora hoje em dia existam vários alimentos enriquecidos com vitaminas - dentre elas o ácido fólico - nas gôndolas dos supermercados, pesquisas comprovam que a dieta correta não basta para manter seu filho longe dos defeitos da coluna vertebral. "É difícil ingerir uma grande quantidade de alimentos desse tipo todos os dias", observa a médica.


Nesse caso, os suplementos vitamínicos são bem-vindos, pois suprem a quantidade recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e defendida pelos médicos, de 0,4 miligrama por dia, para a prevenção de ocorrência dos defeitos do tubo neural. Isso vale para todas as mulheres em idade fértil.


No entanto, para aquelas que já tiveram um filho com o problema, a dose indicada para evitar reincidências sobe para 4 miligramas diários. Além disso, o aconselhamento genético também é recomendado para que o médico possa avaliar as chances de um novo caso na família. "Tenho outros dois filhos, absolutamente normais, isso porque fizemos aconselhamento genético e tratamento intensivo com ácido fólico", ressalta Hermano.


A médica lembra que o efeito protetor da vitamina só tem eficácia quando a mulher começa a tomar a suplementação três meses antes de engravidar e continua ingerindo a vitamina por mais três meses depois. "Toda essa precaução é necessária, pois a maioria das mulheres não costuma planejar a gravidez. E, quando descobrem que estão grávidas já é tarde demais, pois o defeito no feto costuma acontecer logo no primeiro mês de gestação, época em que ainda não é perceptível", salienta


Segundo a dra. Ana Beatriz, a ingestão prolongada dos suplementos vitamínicos que contém ácido fólico, não provoca efeitos colaterais. Mas é importante procurar uma orientação médica antes de iniciar qualquer tratamento.


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