Sexta-feira, 29 de março de 2024
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Quando a timidez atrapalha

Por Luiza Helena Marcondes *


A timidez na infância é natural e pode atrapalhar relacionamentos. Mas crianças exageradamente inibidas deixam de viver muitas emoções porque têm medo das próprias ações. Conheça o universo dos introvertidos.

Existem fases em que seu filho pode estar mais ou menos tímido. "É natural que uma criança de um ou dois anos seja mais atirada que uma de quatro anos. Isso acontece porque a menor não tem noção de perigo e, por isso, não tem medo de experimentar diferentes emoções", explica a psicóloga Luciana Gentilezza, de São Paulo.


Perceber a timidez não é tão fácil. Você precisa analisar seu filho em diferentes situações para verificar se realmente é uma criança inibida. Segundo o psicólogo Vicente Nogueira, de São Paulo, dentro de casa você conseguirá diagnosticar os indícios da timidez como, por exemplo, numa festa com a presença de primos e amigos da mesma idade. Observe se o seu filho insiste em brincar sozinho, mesmo depois de sucessivos convites. Num parque de diversões também é possível confirmar. Se em vez de curtir novas aventuras com os colegas ele preferir ficar isolado é provável que sinta muita vergonha.



Mas na escola a evidência é maior. Geralmente a professora consegue observar o fato mais rápido, porque dentro da sala de aula o estudante desenvolve diversas atividades em grupo. O aluno tímido, entretanto, pode ter dificuldades e até pedir para fazer a tarefa sozinho. "Entre seis e sete anos, quando ingressam na pré-escola, as crianças estão ávidas por conhecimento. Tudo é novidade. O natural, portanto, é que no primeiro mês de aula comecem a formar um círculo de amizades", garante o psicólogo. Segundo Vicente, a falta de entrosamento é normal nos primeiros dias mas se a característica persistir é sinal de grande inibição.

O universo do tímido

Segundo Luciana Gentilezza, a timidez é um alerta de que algo não vai bem. A criança pode estar com muita dificuldade de relacionamento. Tem medo de reagir a determinadas situações, como falar em público, por exemplo. Ela até poderia subir num palco para cantar, mas se retrai ao imaginar o que as pessoas esperam de sua performance.


"O tímido experimenta pouco na vida real e muito na fantasia", afirma a especialista. Segundo Vicente a pessoa envergonhada sofre um processo de auto inibição, ou seja, ela se priva de algumas emoções por não saber como irá enfrentá-las.



Como tem dificuldade de encarar o mundo concreto, a criança inibida cria um lugar onde tudo é perfeito e ninguém a rejeita. É o mundo das fantasias. Neste ambiente herói e bandido se confundem. Na imaginação, ela é completamente feliz porque não corre perigo. "No dia-a-dia ela usa a inibição para não se expor", garante o terapeuta.

Respeitando as diferenças

Os psicólogos apontam duas formas de ajudar uma criança tímida. A primeira é conversar muito com ela. Comece perguntando porque não gosta ou não quer brincar com os amigos ou primos da mesma idade. Com certeza, o pequeno lhe dará alguma pista do que causa receio e porque prefere ficar isolado. A segunda, é não expor a criança em público. Entenda que ela tem medo de si própria. Aos poucos, crie situações adequadas para que ela tenha vontade de experimentar. Deixe-a à vontade. Mas se o constrangimento for muito grande e chegar a causar sintomas físicos como tremores e sudorese, por exemplo, procure um especialista.



A timidez, no entanto, tem vários níveis que chegam à troca de personalidade, uma patologia emocional. "Mas lembre-se sempre de que todas as pessoas são diferentes", diz o pediatra Leonardo Posternak, de São Paulo. E completa: "alguns adultos adoram ser o centro das atenções em qualquer reunião. Contam piadas, são cativantes. Outros ficam num canto, falam baixo, curtem o som, preferem uma conversa mais íntima. E assim mesmo aproveitam a festa. O importante é saber se a timidez causa algum tipo de sofrimento. Em caso positivo ela deve ser tratada."


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