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Acne, um pesadelo dos jovens

Por Luiza Helena Marcondes * em 24/05/2001


Fuja das soluções caseiras e resista à tentação de espremê-las. As espinhas precisam ser tratadas e acompanhadas pelo dermatologista, pois nem sempre desaparecem com o fim da adolescência.

Do dia para a noite aquele menino gordinho, sapeca e pequenino começa a ganhar ares de adulto. No rosto, os primeiros sinais denunciam a mudança: sinais vermelhos com a pontinha amarela espalhados pelas bochechas, sobre o nariz, na testa e nas costas. Seu filho está vivendo uma crise de acne.


Prepare-se, também, para uma possível crise emocional: ele reclama da aparência e sente-se excluído da turma porque está cheio de espinhas e, portanto, se acha medonho. Na escola, a menina que ele paquerava passa a não dar mais bola só porque está parecendo um "choquito".


Aí mora o perigo. Certamente ele irá procurar alternativas, nem sempre eficazes, para se livrar da acne. Espremer as espinhas é um ato quase involuntário e praticamente irresistível. Também é possível que ele decida comprar pomadas secantes ou faça coisas piores: "pasta de dente seca tudo", dirá o amigo da escola. Fórmulas e soluções "infalíveis" chegarão aos montes e de todas as pessoas que ele conhece. Saiba que nenhum desses procedimentos é recomendado. "Condutas erradas agravam o problema", alerta a dermatologista Adriana Brunatti, de São Paulo.


Converse com o jovem e fale que essa é apenas uma fase da vida e todos, com mais ou menos intensidade, irão passar por ela. Tranqüilize-o e diga que juntos vão procurar tratamento. E, se ele acha que esperar até o fim da adolescência é o suficiente para que as espinhas sumam, destaque que cuidar da acne é necessário e, quanto antes, melhor. A pele ficará mais saudável e as cicatrizes podem ser evitadas.

Tal pai, tal filho

A acne pode desaparecer espontaneamente em meses ou em anos. O tempo em que isso acontece varia muito de uma pessoa para outra. Nem todos os jovens passam por esse "desgosto", entretanto o fator hereditário aumenta essa probabilidade.


Filhos cujos pais tiveram acne na adolescência têm 50% mais de chances de ter uma pele problemática, principalmente na puberdade, quando a transformação hormonal é intensa. Nessa época, as glândulas sebáceas crescem e produzem mais sebum, um espécie de lubrificante que protege a pele do ressecamento.


Contudo, o aumento da oleosidade e da queratina, substância que protege a pele dos agentes externos como vento e sol, entopem os poros dando origem à doença. Sufocado e sem a menor condição de sair da pele, o sebum fica vulnerável ao ataque da bactéria Propionibacterim Acnes, desencadeando as inflamações.

Espremer, jamais!

Cravos e espinhas são da mesma família, a diferença está no grau da doença. O primeiro, caracterizado por um ponto preto ou amarelo, é o estágio mais leve da acne pois ainda não apresenta nenhum vestígio de pus. O segundo traz uma "bolinha" normalmente vermelha e cheia de pus que pode estourar a qualquer momento - ou secar sozinha.


Resistir à tentação de espremer essas "pragas", que aparecem sobretudo no rosto, nos ombros e nas costas, é fundamental. Você está cansada de saber que isso só irá agravar a situação, irritando profundamente a pele. Outro risco está nas unhas: debaixo delas pode haver alguma sujeirinha e milhões de bactérias prontas a atacar.


As manifestações de acne são comuns entre homens e mulheres. Cerca de 85% das pessoas, de acordo com a especialista, desenvolvem o problema devido às mudanças radicais nos hormônios do corpo. E apenas 11% da população adulta, entre 25 e 44 anos, têm cravos e espinhas.

Mentiras quase que absolutas

Muitos mitos cercam a acne, mas a especialista Adriana Brunatti garante que não procedem. Conheça alguns deles:


  • Alimentos gordurosos e chocolate são os responsáveis pelo agravamento da acne: Ainda não existe nenhuma comprovação científica para essa associação.


  • Cicatrizes de acne não têm cura: A medicina está muito avançada e algumas marcas da pele já podem ser removidas. A cura não é de 100% mas a melhora é significativa, dependendo do caso.


  • Sol reduz acne: Nem sempre! Os raios solares ajudam a intensificar a produção de sebo pela pele. Além disso, a exposição freqüente ao sol é a principal responsável pelo câncer de pele e envelhecimento precoce.


  • Lavar o rosto várias vezes ao dia diminui o aparecimento da acne: Esse procedimento não ajuda e pode desencadear efeito contrário com o aumento da oleosidade da pele.


  • Espremer as espinhas elimina a infecção: Nunca se deve "apertar" as bolinhas, pois o risco de infecção será maior.

    Nem tudo está perdido

    Hoje muitos tratamentos estão disponíveis. "A cura dependerá do tipo de pele, da idade do paciente e do grau da doença", afirma a dra. Adriana. Por isso, a avaliação médica é fundamental para a escolha do método a ser seguido.


    Se a acne deixar cicatrizes, loções tópicas podem reduzir o problema. Outra solução possível é o peeling, um processo que promove a escamação e renovação da pele, feito em clínicas especializadas. Uma substância ácida é aplicada sobre a superfície afetada e depois de alguns dias as células mortas são eliminadas.


    Estes são apenas alguns dos métodos mais utilizados, mas antes de optar por um deles, ou se render às novidades dos cosméticos, converse com o dermatologista e analise todas as possibilidades. Um peeling mal feito pode agredir e até provocar queimaduras.


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