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Disfunções da tireóide também afetam crianças

Por Carla Oliveira * em 05/12/2003


Aprenda a reconhecer os sintomas do hipotireoidismo e do hipertireoidismo, duas doenças que podem prejudicar a saúde e o desenvolvimento do seu filho.

A tireóide é uma glândula denominada "endócrina", isto é, que produz hormônios - assim como a hipófise, o pâncreas, as supra-renais, os testículos e os ovários. Os hormônios são fundamentais para garantir diversas funções do organismo, desde que sejam liberados na quantidade certa. Se as glândulas endócrinas, por algum motivo, passam a produzir mais ou menos hormônios do que o normal, o equilíbrio do organismo é quebrado e muitos problemas podem surgir.


Quando a tireóide trabalha demais e produz hormônios em quantidade exagerada, provoca uma doença chamada hipertireoidismo. Quando ela produz hormônios em quantidade insuficiente, ocorre um distúrbio chamado hipotireoidismo. A tireóide fica localizada no pescoço, logo abaixo do pomo-de-adão (conhecido popularmente como gogó) e tem o formato parecido com o de uma borboleta. Ela sintetiza os hormônios T3 e T4, que interferem no crescimento, na fertilidade, nos batimentos cardíacos, no funcionamento do intestino e no controle do peso corporal, entre outras coisas.


As disfunções da tireóide são mais freqüentes em mulheres, especialmente as que têm mais de 40 anos. No entanto, crianças e jovens também podem ser atingidos e sofrer conseqüências piores, por ainda estarem em fase de crescimento e amadurecimento do organismo. "Tais distúrbios, quando instalados na infância e adolescência, podem repercutir sobre o crescimento estatural e o desenvolvimento da puberdade", explica o endocrinologista Carlos Alberto Longui.

Hipotireoidismo

A causa mais comum do hipotireoidismo é a "Doença de Hashimoto", um distúrbio classificado como auto-imune, pois é provocado pelas próprias células de defesa do organismo. Nesse caso específico, elas começam a destruir células da tireóide, prejudicando seu funcionamento. Segundo o Dr. Carlos, na maioria dos casos o hipotireoidismo é permanente, ou seja, exige tratamento pelo resto da vida. "O paciente deverá receber continuamente uma quantidade substitutiva de hormônio tireoidiano, ajustada a seu peso e estatura, de acordo com os resultados dos exames laboratoriais de controle", afirma. Os sintomas mais freqüentes dessa doença são:


  • Sonolência excessiva
  • Diminuição dos batimentos cardíacos
  • Constipação intestinal
  • Palidez
  • Aumento de peso associado à retenção de líquidos (edema)
  • Pele e cabelos secos
  • Menstruação irregular
  • Sensação de frio
  • Cansaço
  • Labilidade emocional (oscilações de humor)
  • Redução do ritmo de crescimento
  • Atraso no desenvolvimento dos caracteres sexuais

    O hipotireoidismo pode ser congênito, isto é, o bebê já nasce com o distúrbio. Quando isso acontece, o tratamento deve ser iniciado nas duas primeiras semanas de vida, para evitar seqüelas neurológicas graves. "O hipotireoidismo de manifestação neonatal tende a gerar alterações no desenvolvimento cerebral, determinando uma deficiência mental de gravidade variável e permanente", ressalta o Dr. Carlos. O "teste do pezinho", em que amostras de sangue são recolhidas do calcanhar do bebê, é essencial para detectar o hipotireoidismo congênito e deve ser realizado até quatro dias após o nascimento.

    "Diversos hormônios podem ser dosados mas, habitualmente, quantificam-se o TSH e o próprio T4. Valores elevados do TSH com ou sem T4 reduzido são considerados positivos como indicadores da doença", explica o endocrinologista. Mas, é importante saber que um resultado negativo nesta idade não exclui a possibilidade da doença se manifestar mais tarde. Por isso, se seu filho apresentar sintomas sugestivos da doença, é importante fazer um teste laboratorial para confirmar o diagnóstico.

    Hipertireoidismo

    Segundo o Dr. Carlos, a principal causa de hipertireoidismo na infância e na adolescência é a "Doença de Graves", também uma doença auto-imune, em que anticorpos do próprio organismo estimulam a produção e liberação de hormônios pela tireóide. O hipertireoidismo nem sempre pode ser controlado somente com medicamentos e, às vezes, pode ser necessário o tratamento com iodo radioativo ou até mesmo a remoção da tireóide. Os sintomas são:


  • Insônia
  • Taquicardia
  • Diarréia
  • Perda de peso
  • Sensação de calor e suor excessivo
  • Tremores
  • Queda de cabelos
  • Menstruação irregular
  • Agitação e irritabilidade
  • Fraqueza muscular e cansaço

    Faça o auto-exame

    Você mesmo pode observar sua tireóide - ou a do seu filho - e verificar se há alguma alteração, como um nódulo ou um inchaço, que podem ser sinais de hipotireoidismo ou hipertireoidismo. Pelo auto-exame, não dá pra saber que tipo de disfunção ocorre e nem ter certeza se há realmente alguma, mas ele pode representar um primeiro passo para a detecção precoce de um problema. "Tireóide facilmente visível ou palpável deve alertar para uma doença em evolução", enfatiza o Dr. Carlos. Porém, lembre-se de que só um endocrinologista poderá fazer o diagnóstico preciso, através de um exame de sangue.


    Vamos lá! Segure um espelho à sua frente e localize a tireóide. Coloque um gole de água na boca, sem engolir. Incline levemente a cabeça para trás, focalize a tireóide no espelho e só então engula a água. A tireóide deverá subir e descer conforme você engole a água, isso é normal. O que você deve fazer é observar se há algum nódulo ou saliência na glândula, como se fosse um inchaço.


    Preste muita atenção para não confundir a tireóide com o pomo-de-adão.

    As mulheres também têm pomo-de-adão, mas nos homens ele é bem mais proeminente. Refaça o auto-exame diversas vezes para ter certeza de que conseguiu distinguir uma coisa da outra. E, mesmo que você note alguma saliência, não se desespere, pois é normal a ocorrência de nódulos benignos, que fazem parte do envelhecimento da glândula. Se você ficar em dúvida, não hesite em consultar um endocrinologista.


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