Segunda-feira, 14 de outubro de 2024
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Chegada dos filhos atrapalha a vida sexual

Por Carla Oliveira *


Uma enquete realizada pelo Clicfilhos sobre o comportamento sexual dos casais após o nascimento dos filhos revelou dados muito interessantes. Confira!

No Clicfilhos, muito se fala sobre educação, comportamento e saúde das crianças, sempre com o intuito de ajudar os pais a cuidar dos filhos da melhor forma possível. No entanto, ao realizar essa enquete, desviamos um pouco nossa atenção para os próprios pais e tratamos de um assunto bastante delicado: sexo. O sexo faz parte do relacionamento e influencia a felicidade do casal. Com essa matéria, realizada a partir dos resultados da nossa pesquisa, gostaríamos de fazer um alerta para as mamães e para os papais: é preciso cuidar dos filhos, sim, mas sem deixar de lado as questões que envolvem sua vida afetiva e pessoal.


Em primeiro lugar, a hipótese de que a chegada dos filhos esfria o relacionamento sexual dos casais foi confirmada pela pesquisa. Dos 194 homens que responderam às perguntas, 86% afirmaram que a freqüência das relações sexuais diminuiu depois do nascimento dos filhos. Das 128 mulheres que participaram, 85% também marcaram essa opção.


Foi possível constatar também que ambos estão insatisfeitos com sua vida sexual: 94% dos homens e 81% das mulheres afirmaram que gostaria de ter mais relações sexuais. E não é só isso: 33% dos homens e 38% das mulheres reclamaram que as relações sexuais andam monótonas. Esses dados mostram que, evidentemente, os casais não andam se entendendo muito bem debaixo dos lençóis.

Palavra de especialista

"O nascimento dos filhos, em especial do primeiro, exige dos cônjuges o desempenho de um novo papel que ainda não foi construído, ou pelo menos vivenciado, que é o de pai e mãe", explica a psicóloga Cláudia Marra, do Instituto Kaplan, um centro de estudos sobre a sexualidade humana. Segundo a especialista, a dificuldade em conjugar as funções de homem/pai e mulher/mãe, assim como a expectativa em relação ao desempenho do parceiro nesse novo papel, são fatores que interferem no relacionamento do casal, o que acaba afetando sua vida sexual.


A psicóloga lembra também que, apesar da mulher já ter adquirido grande participação no mercado de trabalho, ela muitas vezes não consegue abrir mão do seu antigo lugar dentro de casa, como responsável pelos cuidados com as crianças e as tarefas domésticas. Isso as deixa bastante estressadas e com a auto-estima abalada. A posição do homem, que deposita na mulher esses encargos, complica ainda mais essa encrenca. "Neste momento há na verdade um grande desencontro que vai exigir da relação negociação, flexibilidade e maturidade", ressalta Cláudia.

As diferenças entre homens e mulheres

Entre as mulheres que disseram que a freqüência das relações sexuais diminuiu bastante, 46% afirmaram que não têm mais desejo e 26% disseram estar cansadas demais, sendo esses os motivos que levaram à diminuição das relações sexuais. Já entre os homens que afirmaram que a freqüência das relações sexuais diminuiu bastante, 61% deles culparam a falta de desejo da parceira e 20% a falta de privacidade por causa das crianças. Apenas 9% falaram que não têm mais desejo ou que estão cansados demais (6%).


Esses dados nos levam a crer que o homem tem mais disposição para o sexo do que a mulher e que seu maior impedimento são condições externas alheias à sua vontade. Na verdade, temos que levar em consideração que muitos homens têm vergonha de admitir que não querem fazer sexo. "Isso seria como demonstrar uma fraqueza que pode atingir sua masculinidade", afirma Cláudia. Mas, é claro que essa queixa masculina quanto à falta de desejo delas não deixa de ser verdade. O fato é que, quando os filhos são pequenos, a maior parte dos cuidados fica sob responsabilidade da mãe e, por isso, ela está mais sujeita ao cansaço e a outros fatores que podem levar à diminuição do ímpeto sexual.


"Nesta fase do nascimento de um filho existe um importante fator orgânico que pode interferir no desejo da mulher, que é o aumento da prolactina, além da estafa física gerada pelos cuidados que um bebê exige", explica Cláudia. Além disso, como já foi dito, esse é um momento muito confuso para a mulher. "Ela quer tudo: ser boa mãe, não perder seu espaço profissional, ser mulher, boa esposa, boa dona de casa... enfim, não há desejo que resista a tanta pressão", resume a especialista.


A psicóloga também acredita que ainda possam existir valores antigos, como o de que a "mulher de família" não tem desejo sexual. "O desejo da mulher pode ser muito maior do que ela se permite demonstrar", afirma. O homem, em geral, costuma ter mais apetite para o sexo, não só por questões culturais mas também pela influência dos hormônios. No entanto, seu desejo não é imbatível. "Ele também está sujeito ao estresse do trabalho e da busca por dinheiro e poder", lembra Cláudia.


O mais interessante, no entanto, é saber que a grande maioria dos homens (94%) e das mulheres (81%) disse que gostaria de ter mais relações sexuais. Se ambos querem mais sexo, porque isso não acontece? Na verdade, existe uma crise por trás dessa situação e que precisa ser superada. De acordo com Cláudia, as investidas se tornam mais escassas devido aos fatores práticos e emocionais do momento, mas isso não significa que o interresse sexual tenha diminuído. Por isso, é preciso entender o que está acontecendo e aprender a lidar com os empecilhos que estão atrapalhando a vida sexual.


Outro dado revelado pela pesquisa foi de que, entre as mulheres que têm filho com menos de um ano de idade, 33% disseram que fazem sexo menos de uma vez por semana, enquanto nenhuma afirmou fazer sexo quatro vezes ou mais no mesmo período. Já entre as mulheres que têm filhos com mais de 15 anos de idade, 25% afirmaram fazer sexo quatro ou mais vezes por semana, ao mesmo tempo em que apenas 13% disseram fazer sexo menos de uma vez por semana. "Sem dúvida, com os filhos maiores provavelmente esta crise já foi superada, além dos filhos serem mais independentes e exigirem menos dos pais", explica Cláudia.

Em busca de soluções

O sexo está, aos poucos, deixando de ser um tabu tão grande na sociedade. As mulheres agora podem admitir que têm desejo e buscar seu prazer. E o homem está aprendendo que sexo também significa intimidade, troca, carinho e não apenas a satisfação imediata de uma necessidade. Enfim, estamos no caminho certo para um futuro em que homens e mulheres poderão dividir a mesma cama com muito mais satisfação.


Quando a vida sexual de um casal não anda bem, isso acaba afetando o relacionamento como um todo e pode levar a desentendimentos e mágoas. Por meio dos depoimentos das mulheres que participaram da pesquisa, percebemos que o maior problema para elas é a cobrança por não quererem fazer tanto sexo quanto seus companheiros depois que se vêem envolvidas com todas as questões referentes à maternidade. Para as mulheres, a psicóloga Cláudia recomenda que tentem se pressionar menos e não tenham tanto medo de perder seus espaços.


Por outro lado, os homens parecem se sentir frustrados pela falta de desejo das "mamães". Nesse momento, eles precisam ter muita paciência e tentar entender o que está por trás disso. Todo casal tem seus altos e baixos e essa pode ser apenas uma fase, desde que ambos conversem muito e tentem lidar com o problema juntos. "Na medida do possível, é sempre valioso praticar o diálogo e compreender que esta é uma etapa especial da vida de um casal e todos estão sujeitos a uma crise. Porém, quando as dificuldades parecem grandes demais para os recursos do momento, pode ser interessante buscar ajuda", finaliza Cláudia.

Clique aqui para ler os depoimentos das mulheres


Clique aqui para ler os depoimentos dos homens



Clique aqui para ver o resultado completo da enquete



Atenção: o resultado desta enquete não tem valor de amostragem científica e se refere apenas a um grupo de leitores do Clicfilhos.


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